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por: Ricardo Violy

De olhos fechados


Deixa te contar uma história que ouvi... Gostei tanto que decidi compartilhar contigo. Foi assim: Um rapaz se aproxima de um velho professor e o cumprimenta com excitação. “Olá professor John, que alegria reencontrar o senhor”. “Você me conhece de onde, meu jovem?”, perguntou o experiente professor. “Você não lembra de mim? Fui seu aluno há alguns anos, durante toda a fase ginasial. Leandro, o meu nome... o senhor não lembra?”. “Bem, você está dizendo que foi meu aluno e isso é o suficiente. Eu acredito... nem preciso lembrar de você, meu caro. E o que o trouxe a esta escola, nos dias de hoje? O que fez você retornar aqui?”, perguntou o professor. “Me tornei um professor também”, respondeu o rapaz. “Oh! E o que o motivou a ser um professor, quando a tantas outras profissões atuais como robótica, tecnologia e outras mais?”. “Minha motivação foi o senhor, professor John. E, já que não lembrou de mim vou relembrar-lhe um acontecimento que marcou nossas vidas naquela época". "Lembra do aluno Erick, o mais rico da escola? Ele havia recebido dos seus pais um relógio de ouro. Aquele foi o relógio mais lindo que os meus olhos já tinham visto. O problema começou quando eu o desejei para mim. E, só havia uma forma dele vir a me pertencer: eu teria de roubá-lo. Planejei e executei o roubo, pois eu sabia onde ele costumava guardar o relógio quando ia para a aula de educação física. Dai, quando ele descobriu que havia sido roubado, o senhor fechou a porta da sala de aula e disse que, quem havia feito aquilo que o devolvesse naquele exato momento. Eu permaneci em silêncio e pensei que nunca ninguém saberia o que eu tinha feito... Como nenhum dos alunos se manifestou em devolver o relógio, o senhor então disse que iria colocar todos em uma fila e teria de verificar em cada bolso das nossas roupas até encontrar. Eu pensei: agora vou passar pelo maior constrangimento da minha vida... Fomos para a fila e, de sua mesa, o senhor ainda deu a última ordem: todos nós teríamos de fechar os olhos e colocar as duas mãos sobre o rosto para garantir que ninguém visse o que ali aconteceria. Então, de olhos fechados e com as mãos sobre o rosto percebi que o senhor estava indo a cada um dos alunos mexendo em seus bolsos. Eu confesso que gelei quando o senhor se aproximou de mim... colocou suas mãos no bolso da minha calça e encontrou o relógio. Mas, não disse nada e permaneceu revistando os outros alunos até que a operação fosse totalmente concluída. Então, o senhor pediu que abríssemos os olhos e devolveu o relógio ao dono".

"Nunca mais se tocou no assunto. Nem os alunos, nem mesmo o senhor nunca havia me dito uma palavra sequer. Pensei o quanto teria sido terrível o constrangimento se soubessem de que fora eu o ladrão daquele relógio. Mas, eu nunca fui chamado a sua atenção e nunca nenhum dos alunos soube do que eu fiz. Logo imaginei o quão maravilhoso ato de compreensão o senhor teria cometido, evitando a minha desgraça e talvez a minha expulsão daquela escola. E o que eu seria se tivesse perdido a permissão de continuar os estudos?". "Essa é a história que eu queria lhe lembrar. Talvez o senhor não saiba o grande bem que me fez... pois há muito eu gostaria de impactar a vida de alguém como a minha vida foi impactada pela sua atitude. Foi daí que eu decidi ser um professor.”, concluiu o rapaz. “Que bela história, meu jovem”, disse o professor. “Mas, o senhor não lembra disso também?”, Leandro, intrigado perguntou. “Do fato eu recordo, só não sabia que foi você”. “Como não sabia se foi o senhor mesmo quem investigou o bolso de cada aluno naquele dia? Como não lembra de ter encontrado o relógio no meu bolso? Estávamos ali, um de frente para o outro, o senhor com o relógio nas mãos que acabara de pegar do meu bolso, eu de olhos fechados até podia imaginar seu semblante revelando sua decepção? Aquele era eu, meu amado professor...”. O professor fechou a pasta que estava manuseando, retirou os óculos, os colocou sobre a mesa e disse: “Eu jamais poderia saber quem foi o autor daquele roubo, já que eu fiz a revista com os olhos também fechados”. (autor desconhecido)


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